Olhou para o espelho e descobriu-se roto. Então, abandonou as vestes e resolveu-se despir ao mundo.
Categoria: Contos
“Narrativas breves, que preferem a concisão à prolixidade, e que contêm um só conflito e uma única unidade dramática, enfatizando mais a ação do que os personagens.” (Michaelis)
De repente algo esguio lhe povoou a mente. E foi ficando cada vez maior, até que não pudesse ser ignorado. E o dominou por completo.
Mais uma vez, pensou que podia mudar o mundo. Julgou ter-se enganado quando, por fim, concluiu apenas que o caminho seria longo.
Esvaiu-se o tempo enquanto afogava-se em preocupações. Decidiu-se, então, pela caminhada rumo ao olvido. E viveu de novo.
Por fim, decidiu que iria parar. Então, pela última vez, deixou-se cair. No dia seguinte, estaria livre.
Olhou para si e viu-se desprovido de somas. Naquele momento, sentia o que lhe vinha ao ter-se endividado por tantas eras.
De súbito, voltou a acreditar na humanidade e achou mais belo o mundo ao seu redor. Eram as endorfinas subindo-lhe à cabeça.
“Para crescer, deves buscar a companhia daqueles que são melhores do que tu” – disse-lhe o sábio. “Mas lembre-se: não há piores.”