Esta semana estou fazendo uma trilha de meditações intitulada Setting Intentions (Definindo Intenções). A série é guiada por Christine Agro e algumas das sessões são voltadas para o trabalho. Em uma delas, Work Life Experience (Experiência de Vida Profissional), a guia propõe fazer afirmações no presente, tentando estimular o cérebro a experimentar sensações de conquista em vez de apenas desejo. A ideia é gerar motivação para ações concretas que levem ao alcance dos objetivos pretendidos.
Fazendo o exercício, cheguei a cinco sentenças, já refinadas para esta publicação. Elas traduzem, por assim dizer, a minha utopia profissional. Vamos lá:
- Eu trabalho por um propósito.
- Eu sou reconhecido pelo que faço.
- Eu sou bem remunerado.
- Eu equilibro trabalho e outras atividades.
- Eu tenho autonomia e flexibilidade.
Embora as frases estejam numeradas (pois vieram à mente nessa ordem), para mim, não existe uma hierarquia de prioridades, sendo cada tópico tão importante quanto os outros. Vou comentar rapidamente cada um deles.
- Eu trabalho por um propósito.
Há quem torça o nariz aqui, principalmente pelo desgaste gerado em torno da palavra “propósito”. Em certa medida, isso se justifica em função do esvaziamento causado tanto pelo idealismo puro quanto pelo uso do termo para induzir pessoas a trabalharem por jornadas insanas. Removidas as distorções, devo dizer que, para mim, propósito é essencial. Embora muita gente diga que “trabalho é só um trabalho” (eu até já tentei pensar assim), tenho severa dificuldade em concordar. Afinal, na condição padrão, passamos um terço da vida trabalhando e isso precisa ter algum significado além do dinheiro no fim do mês.
- Eu sou reconhecido pelo que faço.
Reconhecimento é fundamental e eu suspeito de quem diga o contrário. O que não pode, ao meu ver, é transformá-lo em arrogância ou soberba. Eu também diria que convém evitar comparativos. A grama na vizinhança pode até parecer mais verde, mas os olhos nos enganam constantemente.
- Eu sou bem remunerado.
Não significa “rico” do ponto de vista material. Para mim, a boa remuneração é aquela que gera sustentabilidade financeira, sem ostentação. Cada um tem seu estilo de vida, claro, mas acho fundamental olhar para os lados. No fim das contas, eu creio na equidade social como pilar de uma sociedade harmônica e na responsabilidade de cada indivíduo, sobretudo os privilegiados como eu.
- Eu equilibro trabalho e outras atividades.
Ora, se passamos um terço da vida trabalhando, os outros dois terços precisam ser dedicados a outras coisas. Aqui há um agravante, já que esse terço diz respeito apenas à produtividade remunerada (imagino que você não ganhe nada por lavar a louça de casa, por exemplo). Donde se conclui que, na prática, o trabalho ocupa a maior parte do nosso tempo. Penso que, para um cenário saudável, essa conta precisa urgentemente ser revista.
- Eu tenho autonomia e flexibilidade.
Quem me conhece um pouco mais sabe que sou fã da autogestão. Compreendo que ela não serve para todo o mundo, mas também não acho que comando e controle sejam capazes de promover uma sociedade melhor. Creio na construção de bons acordos, em tratar pessoas como pessoas, em melhor compartilhar responsabilidades e em respeitar papéis mais do que confiar na hierarquia tradicional.
Agora, olhando para as minhas afirmações, reflito sobre o tamanho do desafio para alcançar a plenitude em cada uma delas. Como idealista, acredito que em algum momento chegaremos lá. Como agente de mudança, continuarei lutando por isso. Que bom que não estou sozinho.
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